Halitose na menopausa: controle e tratamento

Halitose na menopausa: controle e tratamento

Por: Vanessa Navarro

As alterações hormonais e fisiológicas associadas à menopausa podem interferir na saúde bucal, modificando o hálito. De acordo com a odontogeriatra e presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), Maria Cecília Aguiar, a menopausa é um estágio da vida da mulher, entre a quarta e a quinta década de vida, em que ocorre interrupção fisiológica dos ciclos menstruais e ovulatórios. Esse processo acontece devido a cessação da secreção hormonal dos ovários. “Antes da menopausa, ocorre um período de transição chamado ‘climatério’, que é quando o organismo, gradativamente, deixa de produzir os hormônios estrogênio e progesterona. Em todo esse processo, ocorrem mudanças na fisiologia do organismo. Tais mudanças predispõem a algumas alterações, dentre as quais a halitose, conhecida popularmente como ‘mau hálito’”.

A presidente da ABHA explica que, na verdade, a menopausa em si não provoca a halitose. Apesar de não haver relação de causa e efeito, as alterações fisiológicas da menopausa favorecem algumas mudanças no organismo que, por sua vez, predispõem ao surgimento do mau hálito. Sendo assim, existe uma relação indireta. Como fatores desta relação, podemos citar as alterações no metabolismo ósseo (osteopenia e osteoporose), que agravam a doença periodontal, causa clássica e direta da halitose, além dos famosos ‘calores’, que aumentam a sudorese e podem culminar em desidratação, o que, por sua vez, resulta em hipossialia, que favorece o acúmulo de resíduos e a proliferação de microrganismos no ambiente oral, fatores associados ao mau hálito de origem bucal”.

É importante lembrar que a halitose tem origem multifatorial, ou seja, nem todas as mulheres na menopausa terão o hálito alterado, embora estejam mais susceptíveis. “Primeiramente, nem todas as mulheres sentem calores intensos durante a menopausa. Dessas, nem todas desidratam, pois algumas têm excelente consumo de líquidos, o que compensa o problema. Das que desidratam, mesmo estando mais propensas devido às alterações bucais, algumas têm um ritual de higiene bucal tão minucioso que controla a halitose ou simplesmente têm a sorte de terem bactérias menos agressivas na boca. Ou seja, nem toda mulher na menopausa terá halitose, embora estejam mais susceptíveis”, enfatiza a também doutoranda em Saúde Coletiva.

Menopausa e a saúde bucal

Apesar dos fatores hormonais inevitáveis dessa fase, a halitose não precisa ser mais um problema para a mulher. “Halitose tem controle e tratamento, nessa e em qualquer outra fase da vida. Para tanto, o acompanhamento periódico por um cirurgião-dentista favorece a prevenção do problema e, caso já instalado, permite um diagnóstico precoce e preciso dos fatores que predispõem ao problema, para que possam ser combatidos em sua origem, de modo que a alteração seja resolvida de forma duradoura e eficiente”, alerta Maria Cecília Aguiar.

Existem algumas dicas essenciais, e que podem ser repassadas para todas as pacientes, para que elas transitem por esse período, geralmente conturbado, com excelente saúde bucal e livre da halitose.

A odontogeriatra e presidente da ABHA dividiu tais dicas em dois tópicos: “os hábitos que devem ser evitados” e “os hábitos que devem ser mantidos ou iniciados”.

Hábitos que devem ser evitados

  • Ficar muitas horas em jejum, pois esse hábito induz à hipoglicemia e a salivação deficiente. A glicose sanguínea baixa induz ao organismo utilizar as reservas de gordura como fonte alternativa de energia, gerando como subprodutos os corpos cetônicos, substâncias de odor desagradável, semelhante ao de manteiga rançosa. A salivação deficiente, por sua vez, prejudica a autolimpeza bucal, permitindo acúmulo de resíduos e de bactérias, que liberam gases malcheirosos ricos em enxofre como fruto de seus metabolismos, responsáveis pela halitose.
  • Tomar medicamentos por conta própria (automedicação), pois os fármacos apresentam, com frequência, efeitos colaterais, dentre os quais alterações na saliva, que favorecem a halitose e, em alguns casos, podem apresentar enxofre e outras substâncias em sua composição, que são eliminados pelo hálito, tornando o mesmo desagradável. Assim, remédios devem ser consumidos apenas sob prescrição médica.
  • Visitar o dentista apenas quando está com dor ou para alguma restauração. Isso impossibilita o diagnóstico precoce de alterações importantes, como as alterações salivares, e que muitas vezes passam despercebidas pelas pessoas.
  • Usar enxaguantes bucais com álcool, pois ressecam a boca, aumentando a descamação de suas células de revestimento. Essas células acabam se depositando sobre a língua na forma de saburra, uma das principais responsáveis pela halitose. Em relação aos bochechos ou enxaguantes bucais, o ideal é que sejam utilizados sob prescrição odontológica.

Hábitos que devem ser mantidos ou iniciados

  • Consumir diariamente a quantidade de líquidos adequada. Diferente do que muitas pessoas pensam, não é fixa, e sim individualizada, conforme peso corpóreo, estilo de vida, hábitos etc. Um cálculo simples é multiplicar 35ml de líquidos para cada kg de peso por dia.
  • Consumir alimentos ricos em fibras, pois favorecem a mastigação e estimulam a produção de saliva, fundamental para um bom hálito. Como exemplos, podemos citar granola, frutas frescas e secas, cenoura e beterraba cruas, folhagens e castanhas.
  • Higienizar a boca após as refeições.
  • Visitar o cirurgião-dentista regularmente.
  • Estar com a saúde em dia, o que inclui realizar checkups médicos, atividades físicas, drenar o estresse e ter tempo para o lazer.

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