Protetores faciais para esporte

Protetores faciais para esporte

Como já afirmado anteriormente, uma das responsabilidades do cirurgião-dentista que se dedica a Odontologia do Esporte é a proteção orofacial. Somos responsáveis pelo planejamento, moldagem, obtenção de modelos, confecção dos protetores faciais e bucais, ajustes e acompanhamento do atleta durante seu uso.

Iremos discorrer, nesta oportunidade, sobre os protetores faciais para esporte, que são confeccionados de modo individualizado pelo cirurgião-dentista.

Diferentemente dos protetores bucais, os protetores faciais ainda não foram normatizados, isto é, material e geometria ainda não foram estabelecidos. Dependendo da região facial que ele pretende proteger, deve ter uma geometria própria, assim como uma composição de material indicada para o caso específico. Porém, essa geometria deve seguir os conceitos aplicados para as zonas de resistência e fragilidade da face.

Quando ocorre uma fratura, sua reparação dependerá diretamente da estabilidade da redução óssea, portanto, não deve sofrer deslocamentos durante o período de cicatrização. Nesse momento, o afastamento do atleta que sofreu a fratura é inevitável, devendo ficar sem participar de treinos e competições por um longo período de tempo. Tal ação acarreta prejuízo físico e psicológico ao atleta, além de prejuízo financeiro ao clube.

O uso de um protetor facial durante a prática esportiva evita todo o transtorno provocado pelo trauma sofrido. Em uma ocorrência de impacto, evita que o osso sofra refratura ou deslocamento. Pode ainda ser usado como um dispositivo de prevenção de fraturas faciais.

Protetores fabricados pela Faculdade de Odontologia da USP. Imagem: FOUSP

Protetores fabricados pela Faculdade de Odontologia da USP.
Imagem: FOUSP

O material utilizado para a confecção do protetor deve ter alta capacidade de absorver e dissipar energia de impacto. A característica amortecedora de um protetor facial está relacionada à distribuição de energia e de formação do material empregado. Isso significa que a transmissibilidade de energia para as estruturas circunvizinhas torna-se baixa, o que é esperado em um material utilizado na confecção de um dispositivo protetor.

Os polímeros são materiais muito interessantes para fabricação de protetores nasais, tanto do ponto de vista mecânico como pela facilidade de conformação a baixa temperatura. Um material que se destaca neste requisito é o copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA). O EVA é um polímero termoplástico, com grande aplicabilidade em indústria de calçados e pisos amortecedores, que tem se tornado o material preferido para confecção de protetores na área odontológica em diversas situações. Além da capacidade amortecedora, o EVA apresenta vantagens, como conformação a baixa temperatura, facilidade de manipulação, moldabilidade, reprodutibilidade, boa coesão entre camadas, durabilidade, facilidade de acabamento, transparência e baixo custo. É indicado para a confecção de protetores bucais e faciais para esporte, pois apresenta grande capacidade de absorção de energia, além de, por sua transparência, permitir a visão periférica do atleta.

A manutenção da visão periférica é um fator importante para garantir que o atleta não perca nenhum movimento ao seu redor, fundamental em seu desempenho.

Quando um protetor facial é idealizado, deve-se estabelecer seus pontos de ancoragem na face, a fim de garantir proteção, conforto e visão periférica, para que o desempenho físico do atleta não seja comprometido durante os treinos e as competições.

Como a face é a região mais exposta do crânio, fica mais susceptível a golpes e impactos diretos, frequentes em competições de grande contato. Por esse motivo, a estrutura, conhecida como zona de resistência do esqueleto fixo da face, dá suporte para a ancoragem dos protetores faciais.

É de responsabilidade da Odontologia do Esporte atentar para todas essas recomendações no momento de indicar e confeccionar qualquer dispositivo protetor para a região orofacial do atleta.


Dr. ReinaldoReinaldo Brito e Dias
Cirurgião-dentista. Professor Responsável pela Disciplina de Odontologia do Esporte da FOUSP. Membro da Comissão Científica da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte. Representante no Estado de São Paulo da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte. Membro da Câmara Técnica de Odontologia do Esporte do CROSP. Presidente do Conselho Curador da FFO – Fundecto. Membro da Academy of Dentistry International.

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