Por: Vanessa Navarro
Transmitida por vírus, a hepatite B é uma doença que causa irritação e inflamação do fígado. O tipo B é um dos gêneros de hepatites virais que existem, que são classificados pelas letras A, B, C, D e E.
De acordo com as informações da biomédica e cirurgiã-dentista Lusiane Borges, a hepatite B é causada pelo vírus B, também chamado de VHB. Uma vez dentro do organismo humano, o vírus ataca os hepatócitos – as células do fígado – e começa a se multiplicar, levando à inflamação do órgão.
As formas de transmissão do vírus B são: sexual, sanguínea e vertical (materno-fetal).
“A hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), pois pode ser transmitida de pessoa a pessoa por meio do contato com sêmen, saliva e secreções vaginais durante relação sexual desprotegida. Isso acontece por que o vírus atinge concentrações muito altas em secreções sexuais”, explica a biomédica.
No Brasil, estima-se que 15% da população já foi contaminada. Atualmente 1%, ou seja, 2 milhões de pessoas são portadoras crônicas da doença. O Sudeste concentra 36,6% dos casos, seguido do Sul, com 31,6% das notificações, entre os anos de 1999 e 2011. A região Sul registra os maiores índices desde 2002, seguida do Norte. As taxas observadas nessas duas regiões, em 2009, foram de 14,3 e 11,0 por 100 mil habitantes, respectivamente.
Em relação à provável fonte/mecanismo de infecção, a via sexual é a forma predominante de transmissão (52,7%).
Sintomas
Lusiane explica que os sintomas de hepatite B surgem entre dois a quatro meses após o contato com o vírus, e sua intensidade varia de pessoa para pessoa.
Eis os principais sintomas da doença:
- Dor abdominal
- Urina escura
- Febre
- Dor nas articulações
- Perda de apetite
- Náusea e vômitos
- Fraqueza e fadiga
- Amarelamento da pele (icterícia).
“Embora a hepatite B possa ser muito grave e mesmo fatal, muitas pessoas infectadas pelo HBV não apresentam sintomas. Outras podem apresentar uma variedade de sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo fadiga, febre baixa, dores musculares e nas articulações, dor abdominal descrita como sensação de peso e diarreia ocasional”, alerta a também especialista em Microbiologia. “Algumas pessoas desenvolvem icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos)”, completa.
Ainda que a maior parte das pessoas se recupere da infecção por HBV, aproximadamente 10% dos indivíduos infectados podem se tornar portadores crônicos. De modo geral, esses indivíduos não apresentam sintomas, mas correm o risco de desenvolver doenças hepáticas graves, como cirrose ou câncer primário do fígado.
Hepatite B e os profissionais de saúde
A biomédica Lusiane Borges adverte que os profissionais de saúde são, certamente, mais suscetíveis a infecção da hepatite B. “No Brasil, não há estudos de números e índices recentes de profissionais de saúde e dentistas com hepatite B. Porém, sabe-se que quanto mais tempo de profissão o dentista tem, maior é sua chance de ter tido contato com o vírus, devido às escassas medidas de prevenção e estímulo à imunização do passado”.
O profissional de saúde e o dentista, em especial, tem um risco muito maior de ter contato com o vírus B e, consequentemente, contrair a hepatite B. “Daí a importância da imunização do profissional já no primeiro ano de estudo na Odontologia e nos cursos de ASB/ TSB”, defende a especialista.
Ainda de acordo com a Dra. Lusiane Borges, que também é consultora em Controle de Infecção e Epidemiologia na Área Odontológica e Hospitalar, a transmissão é dada basicamente por meio de acidente com material biológico, especialmente com material perfurocortante, ou seja, cortando-se com instrumental que tenha sangue do paciente portador de hepatite B.
“É importante ressaltar que também é possível ocorrer transmissão do vírus ao profissional com o contato de mãos sem luvas nas secreções de sangue e saliva do paciente. Sempre deve-se trabalhar com os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e ter a imunização em todos os profissionais”, sustenta a cirurgiã-dentista.
Prevenção e diagnóstico
Sobre as ações preventivas contra a hepatite B, o esquema de vacinação consiste em três doses, que devem ser administradas em 0, 30 e 180 dias. Lusiane alerta que a vacina é gratuita a todos os profissionais e estudantes da área da saúde.
“É altamente recomendável que o profissional faça um exame para ratificar sua imunização – Anti-HBS. Esse exame garante que a imunização foi atingida qualitativa e quantitativamente. O Anti-HBS deve ser realizado de 30 a 60 dias após a terceira dose. Depois de confirmada a imunização não há necessidade de revacinação. Uma vez imunizado, para sempre imunizado”, instrui a biomédica e cirurgiã-dentista.
O diagnóstico da doença se dá por meio da sorologia para hepatite B e exames de sangue complementares.
Tratamento
O tratamento para a hepatite B nem sempre é necessário, pois, na maioria das vezes, a doença se cura sozinha, de forma espontânea. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos receitados pelo médico habilitado.
Tratamento para hepatite B aguda
Consiste em repouso, hidratação e uma alimentação equilibrada. Para diminuir o desconforto causado pelos enjoos e as dores musculares, recomenda-se ingerir medicamentos analgésicos e antieméticos, não sendo necessário tomar nenhum medicamento específico contra o vírus da hepatite B.
“Ao longo dos seis meses de recuperação, o paciente não poderá tomar nenhum tipo de bebida alcoólica, não deve usar a pílula anticoncepcional e, se houver a necessidade de tomar algum outro medicamento, o médico deverá ser avisado, pois pode prejudicar o tratamento ou não fazer efeito”, revela a Dra. Lusiane Borges, que além de biomédica e cirurgiã-dentista, é pós-graduada em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Infecção.
Tratamento para hepatite B crônica
Lusiane explica que o tratamento para a hepatite B crônica pode ser realizado por meio da toma de medicamentos, como Lamivudina, Interferon Alfa, Famciclovir ou Adenofir.
Alguns pacientes deverão tomar o medicamento por toda a vida, para assim evitar o desenvolvimento de doenças, como o câncer no fígado, pois com a replicação do vírus ao longo dos anos, o fígado poderá sofrer danos irreversíveis. Existem casos em que a hepatite crônica pode ser curada, e muitas vezes isso acontece por conta do Interferon.
“Quem possui hepatite B crônica deve ter cuidados alimentares. Não deve consumir nenhum tipo de bebida alcoólica e só deve ingerir remédios sob orientação médica, evitando mais danos ao fígado”, esclarece a especialista.
Previna-se dentro do seu consultório
Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), Lusiane Borges apresenta algumas dicas essenciais para manter a hepatite B bem longe do seu consultório odontológico.
- Realize anamnese detalhada em todos os pacientes, na primeira consulta e anualmente.
- Utilize sempre o EPI completo (gorro, óculos, máscara, avental e luva) para atendimento e lavagem de instrumental.
- Mantenha o esquema vacinal de todos os profissionais em dia e, especialmente o da hepatite com o Anti-HBS positivo.
- Todos os profissionais do serviço devem estar cientes dos riscos e devem ter fácil acesso ao protocolo de procedimentos pós-exposição.
- Separe e acondicione os resíduos de saúde adequadamente, sobretudo, os perfurocortantes.
- Tenha sempre a noção de que prevenção é o melhor caminho para a saúde.
obrigada pela dica, vou tratar do meu consultorio e organizar uma palestra para falar da hepatt B