A comunicação no atendimento odontogeriátrico

A comunicação no atendimento odontogeriátrico

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas idosas no Brasil representa 16% da população. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros é importante salientar a necessidade de profissionais de saúde especializados na terceira idade. O envelhecimento é um processo degenerativo e que ocorre de forma lenta e progressiva, sendo universal, mas com características específicas para cada indivíduo.

Diante deste cenário, todo profissional de saúde deve ter como base de seu trabalho a construção das relações humanas e da comunicação com o idoso, seus familiares e cuidadores. Para tal, inicialmente, é preciso desconstruir a concepção de que a comunicação se dá exclusivamente por meio de palavras e é secundária no processo da relação paciente-profissional. Especificamente,  tratando-se da avaliação e abordagem odontológica do paciente idoso, tal processo é central na condução da sua ampla e multiprofissional avaliação, na decisão pelo plano de tratamento e durante a condução do caso visando a promoção de saúde.

Desde o primeiro contato com o cirurgião-dentista, o idoso deve ter seu comportamento, capacidade cognitiva e funcional, sua realidade familiar e saúde amplamente conhecidos e avaliados para que a abordagem seja individualizada e eficaz.  Sendo assim, a anamnese – o levantamento das condições de saúde – também deve se iniciar pela observação do paciente na sala de espera e, neste momento, o processo de comunicação começa a ser estabelecido. Um teste de rastreio cognitivo pode ser um grande aliado e deve ser inserido na avaliação. E é a partir deste primeiro diagnóstico que o profissional deverá fornecer informações adequadas, adaptando-as às condições de saúde do seu paciente idoso.

Principalmente quando o paciente está em uma situação de fragilidade, o simples deslocamento até um consultório pode significar uma grande demanda para essas pessoas. Por isso é importante que o profissional de Odontologia identifique se o paciente apresenta alguma doença associada a um processo de senilidade e busque alternativas para superar possíveis barreiras de comunicação. Essas barreiras podem incluir os declínios funcionais, como perda de audição, visão e o declínio cognitivo, que com frequência pode afetar o processamento e a memorização da informação.

Dessa forma, a comunicação é uma habilidade essencial nos cuidados odontológicos com o idoso e leva a resultados positivos para o paciente e sua família, como melhora da satisfação com o atendimento, lembrança de informações, estímulo cognitivo, menores custos de atendimento e longevidade dos resultados. Importante salientar que a comunicação efetiva é uma competência que o profissional deve aperfeiçoar pelo bem da sua relação com o paciente (seja de qualquer faixa etária), seus familiares e até mesmo com outros profissionais.


Denise Tibério
Cirurgiã-dentista. Especialista em Periodontia e Odontogeriatria. Presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do CROSP. 

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