O Papacárie é um gel que utiliza os efeitos bacteriostáticos, bactericidas e anti-inflamatórios da papaína – enzima extraída das folhas e do fruto do mamão – para amolecer a região afetada pela cárie dentária. O produto é aplicado diretamente no dente e age durante alguns instantes, até tornar possível a remoção do tecido atingido apenas com uma raspagem, sem o uso do conhecido “motorzinho”.
Além de extrair cáries de forma rápida e confortável, o Papacárie tem baixo custo, já que a base da sua composição é retirada da natureza. Isso torna-o acessível, inclusive, para serviços de saúde pública.
“O método de raspar somente o tecido infectado pela cárie preserva as áreas sadias subjacentes, pois elas não são alcançadas pelo gel. Com a broca, não há esse controle: sempre é removida a dentina saudável junto ao tecido necrosado”, explica a cirurgiã-dentista e professora Sandra Kalil Bussadori. “Minha meta era tornar o tratamento odontológico mais ‘legal’ para as crianças e os adultos”, prossegue. “Já era utilizada a remoção química e mecânica da cárie, com um agente químico que amolece o tecido cariado. Porém, o material era importado e caro para os padrões brasileiros”, compara Sandra.
A especialista explica que iniciou suas análises acerca da papaína após conversar com sua mãe, que é nutricionista e pesquisadora. “Percebi que a substância tinha propriedades excelentes e que poderia ser uma alternativa para a remoção química da cárie. A partir disso, comecei a examinar a papaína com a farmacêutica Márcia Miziara”, relembra. “Três anos depois, após pesquisas e testes conduzidos por mim e pelo meu grupo de estudos, chegamos à fórmula final do gel Papacárie, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, patenteado e lançado em 2003”, celebra.
O gel está disponível no mercado desde 2005. Na literatura científica, há vários trabalhos publicados que comprovam sua eficácia por meio da mínima intervenção. Recentemente, foi divulgado o lançamento de um produto oriundo da Argentina e cuja fórmula é igual à do Papacárie. Isso causou indignação por parte dos pesquisadores: “É preciso coibir este tipo de prática, garantindo o direito de autoria e a patente a quem tem seu direito”, enfatiza Sandra.
Fonte: ABO