Hipertensão Arterial no consultório odontológico

Hipertensão Arterial no consultório odontológico

Traiçoeira e silenciosa, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) não costuma apresentar sintomas e caracteriza-se pelo aumento anormal e por longo período da pressão exercida pelo sangue ao circular pelas artérias do corpo. Pode causar doenças cardiovasculares, renais e até mesmo um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Exatamente por isso, a ida ao cirurgião-dentista exige um acompanhamento mais direto e atento por parte do profissional, que não pode descuidar da condição do paciente.

Segundo Adriana Zink, especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, o atendimento odontológico mediante esse quadro é baseado nas diretrizes de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) de 2017. O cirurgião-dentista tem, ainda, como fonte, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, entre outras. “Para cada nível, o cirurgião-dentista terá uma abordagem específica de acordo com a necessidade individual do paciente. O hipertenso deve ter sua pressão monitorada a cada consulta e o profissional deve estar atento à escolha do anestésico e vasoconstrictor”, diz ela.

Desse modo, recomenda-se a utilização de um protocolo de atendimento odontológico direcionado ao paciente hipertenso, no qual a anamnese é determinante.

A importância da anamnese

De acordo com o cirurgião-dentista especialista em Periodontia e em Prótese Dentária e mestre em Anatomia Dr. Marcelo Cavenague, é de grande importância o conhecimento das condições clínicas de cada paciente que será atendido no consultório. “Além de uma anamnese bem realizada, convém também verificar a pressão do paciente antes do atendimento, visto que muitas pessoas apresentam alterações de pressão pelo simples motivo de estar passando em consulta e boa parte da população sequer tem consciência de que é hipertenso”.

Neste contexto, Dra. Adriana reforça a importância de saber qual a medicação que o paciente usa para evitar situações de interações medicamentosas, seja com o anestésico usado durante o tratamento, ou mesmo com qualquer medicação que possa ser receitada ao paciente.

O uso de anestésicos

Os anestésicos usados em Odontologia são bastante seguros quando utilizados corretamente, ou seja, dentro da quantidade recomendada e aplicando-se a técnica anestésica adequada. “Todavia, dentre os anestésicos, podemos dar preferência aos com epinefrina 1:100.000 ou felipressina 0,03 UI/ml, pois os riscos de uma crise hipertensiva serão ainda menores”, esclarece Cavenague.

Efeitos dos medicamentos hipertensivos na saúde bucal

A hipertensão arterial sistêmica por si só não causa manifestações bucais diretamente. Porém, há manifestações secundárias, decorrentes do uso de medicamentos para o controle da pressão arterial. “Alguns medicamentos hipertensivos podem ter efeitos colaterais que devemos conhecer para conduzir nossos atendimentos e minimizar problemas”, pontua a Dra. Adriana Zink. Entre os medicamentos que ocasionam efeitos colaterais, ela cita os anti-hipertensivos, especialmente os diuréticos, que podem ocasionar secura bucal. Já os vasodilatadores diretos provocam lesões bucais e cutâneas semelhantes ao lúpus.

A especialista ressalta que, quando o cirurgião-dentista realiza a anamnese, ele quer colher o maior número de informações para poder elaborar o melhor plano de tratamento, dando segurança ao paciente e minimizando intercorrências. Por isso, é extremamente importante que o paciente mencione absolutamente todos os remédios que faz uso e, principalmente, se faz uso das medicações da forma que seu médico prescreveu. “Alguns pacientes não aderem ao tratamento prescrito pelo médico e muitas vezes identificamos valores pressóricos elevados (níveis de pressão altos). Quando isso acontece temos que encaminhar o paciente ao pronto-atendimento imediatamente”.

Com relação aos equipamentos utilizados no consultório odontológico, Dr. Marcelo Cavenague explica que não há restrições quanto ao uso nos pacientes hipertensos. “Na verdade, os equipamentos podem causar um certo medo e este medo desencadear a crise hipertensiva, mas tomando-se os cuidados adequados para que o paciente se sinta seguro durante o atendimento, este risco é totalmente controlado”.

Importância da saúde bucal do hipertenso

Assim como todos os pacientes, os hipertensos precisam manter sua saúde bucal adequada para evitar agravamentos de sua saúde sistêmica. Dessa forma, a visita preventiva ao consultório odontológico se faz necessária a cada seis meses, pelo menos.

Pacientes hipertensos que não cuidam bem de sua saúde bucal têm maior dificuldade em manter a pressão controlada e costumam responder de forma menos eficiente às medicações. Segundo Dr. Marcelo Cavenague, isso acontece porque a doença periodontal é uma doença inflamatória e as alterações vasculares que esta inflamação provoca colaboram com o descontrole da pressão arterial.

Síndrome do Jaleco Branco também acontece!

De acordo com os especialistas, a Síndrome do Jaleco Branco não está restrita aos consultórios médicos. Ela acontece com certa frequência nas consultas odontológicas e os efeitos podem ser ruins, como exemplifica Dr. Marcelo Cavenague. “Ainda é muito comum a presença de pacientes que têm pânico de dentista e ficam totalmente alterados diante de um tratamento, por mais simples que ele seja”.

Nesse caso, o profissional deverá identificar a síndrome, acalmar o paciente e adequar a melhor forma de tratá-lo: horário individualizado de atendimento, adequação de alguma medicação sedativa oportuna, divisão de procedimentos para consultas mais curtas, anestesia local de excelência que diminua o risco de o paciente ter dor e indicação pelo período da manhã estão entre as medidas que visam o bem-estar e tranquilidade do hipertenso. “Em casos pontuais, podemos indicar o atendimento em ambiente hospitalar, caso seja uma urgência e o paciente sempre apresente alterações graves no nível pressórico”, explica Dra. Adriana Zink.

Portanto, considerando a alta prevalência da hipertensão arterial sistêmica, é recomendado que o cirurgião-dentista realize a aferição da pressão arterial na primeira consulta do novo paciente. Assim, caso seja identificada alguma alteração, o profissional deverá encaminhar esse indivíduo para o médico clínico geral ou cardiologista a fim de que seja estabelecido um possível diagnóstico de hipertensão, e se for o caso, a indicação de tratamento adequado.

O cirurgião-dentista deve, ainda, orientar o paciente sobre os fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, sedentarismo, alimentação, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas “A Odontologia é a mesma para todos os pacientes, o que muda é a necessidade especial de cada um e as adequações que serão realizadas pelo profissional”.

Informações da Assessoria de Imprensa

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