Agosto é o mês de conscientização e reforço sobre a importância do aleitamento materno que, além de ser uma importante fonte de nutrição para os bebês, também auxilia no processo de crescimento e desenvolvimento da região orofacial. De acordo com uma pesquisa coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), a amamentação deveria estar presente na vida das crianças até os dois anos de idade, ou mais, o que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, sendo aconselhado nos primeiros seis meses de vida somente o leite materno como alimento.
No Brasil, de acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de um ano e quatro meses. O estudo diz, também, que no Brasil, quase todas as crianças (96,2%) foram amamentadas com leite materno pelo menos alguma vez.
Para a cirurgiã-dentista Dra. Adriana Mazzoni, especialista em Odontopediatria, a amamentação é considerada o padrão ouro do começo do crescimento e desenvolvimento de toda a vida do indivíduo. “O leite materno é o melhor, mais perfeito e completo alimento. É específico para cada lactente desde o primeiro momento da vida, alimentando, protegendo e equilibrando a flora da mucosa do trato gastrointestinal, e pelos perfeitos movimentos da retirada do leite materno que atuam como forças equilibradas sobre o sistema estomatognático e todo o corpo e desenvolvimento das funções”.
A especialista explica que o sistema estomatognático é o primeiro a se formar durante a vida intrauterina. “No começo, com a mandíbula e língua presentes ainda na sua forma primitiva, na medida que a massa encefálica cresce, as lâminas palatinas se horizontalizam e a língua presente auxilia na formação do palato. A língua é um órgão forte e composto por vários músculos que trabalham em equilíbrio”.
Durante o período de vida intrauterina há o desenvolvimento do reflexo e o aprendizado de sucção e deglutição, que vai garantir a sobrevivência do bebê durante este período e após o nascimento. “Ao nascer e conseguir extrair o leite materno com a pega correta, o bebê aprende a respirar pelo nariz e mantém uma coordenação motora complexa e ritmada de sugar, deglutir e respirar pelo nariz, promovendo um crescimento harmonioso da face e fortalecimento da musculatura cervical”.
A amamentação prepara o sistema estomatognático do bebê para a mastigação e depois para a fala, além de auxiliar no desenvolvimento do tronco encefálico, promovendo a instalação de funções necessárias como a coordenação motora bilateral e marcha da caminhada. Dra. Adriana diz que a amamentação não influencia diretamente sobre a vinda dos dentes, mas prepara bem o sistema estomatognático, que consequentemente garante uma boa mastigação, além de conceder um equilíbrio da região, o que conduzirá à vinda dos dentes com mais facilidade e de forma harmoniosa.
“O leite materno é o alimento perfeito para o bebê”, afirma a cirurgiã-dentista, pois ele se transforma aos poucos e acompanha o desenvolvimento da criança. No período de introdução alimentar, por exemplo, a sua composição se altera e conta com cloretos de sais, o que o deixa mais salgado, facilitando que o bebê aceite os alimentos.
Sucção não nutritiva
A mamada efetiva no peito materno pode evitar também que o bebê desenvolva hábitos de sucção não nutritivas, que consiste no hábito de chupar o dedo, chupeta, lábios ou língua, por exemplo, em que a criança faz sucção com pouca ou sem a retirada e deglutição do leite. “O bebê nasce com dois tipos de fome: a nutritiva (do leite) e neurológica (sucção), e tentará satisfazer estas necessidades sempre”, diz Dra. Adriana.
A Odontopediatra reforça que durante o aleitamento materno o bebê aprende o ato de retirada do leite com movimentos totalmente diferentes do que realizaria na sucção de outros objetos, o que pode causar confusão em relação a estes movimentos e levar a criança ao desmame precoce e, consequentemente, à instalação de maloclusões e disfunções orofaciais.
“No aleitamento materno, se a mamada for efetiva o bebê se sentirá satisfeito em relação às suas necessidades básicas de nutrição e neurológica em relação à sucção. Por esta razão é importante que a nutriz seja bem orientada sobre este momento para que consiga oferecer o melhor ao seu bebê”.
Consultas odontológicas na primeira infância
O cirurgião-dentista ou o pediatra é quem vai orientar a família sobre a primeira visita ao Odontopediatra. Esta, por sua vez, pode ser durante a gestação ou logo após o nascimento, alerta Dra. Adriana. “Atualmente, tem surgido condutas que podem ser tomadas ainda nos primeiros dias de vida que facilitam a instalação de bons hábitos, assim como prevenção de problemas”.
Como exemplo ela cita bebês que apresentam alguma alteração na cavidade oral e têm dificuldades para amamentar, ou que têm algum desvio na oclusão …então quanto antes a visita ao Odontopediatra, melhor”.
Informações da Assessoria de Imprensa