Bruxismo: além da placa miorrelaxante

Bruxismo: além da placa miorrelaxante

No controle do bruxismo, apenas indicar a placa miorrelaxante pode não ser suficiente. De acordo com as informações de Adriana Oliveira Lira Ortega, mestre em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, é necessário uma abordagem multidisciplinar.

A cirurgiã-dentista explica que o diagnóstico do distúrbio pode ser feito em três níveis: possível, onde há o relato do paciente; provável, onde há o relato e o desgaste da dentição; e definitivo, que reúne relato, desgaste e exame de polissonografia. “O dentista não pode diagnosticar o bruxismo sem que exista alguma reclamação do paciente”, ressalta a também professora do curso de Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul.

Além disso, é preciso que o cirurgião-dentista identifique os fatores associados ao quadro do paciente, como obstrução das vias aéreas superiores, apneia do sono e refluxo gastroesofágico, relacionados ao bruxismo do sono, ou ansiedade e concentração demasiada, no caso do bruxismo de vigília. “O bruxismo de vigília é de origem comportamental, então é preciso conscientizar o paciente a mudar”, explica Adriana.

O aplicativo Desencoste seus Dentes, idealizado pelo cirurgião-dentista Roberto Garanhani, de Florianópolis, pode ajudar nessa tarefa. O programa emite lembretes ao longo do dia, além de trazer informações de bruxismo e seus efeitos na saúde bucal.

Outro fator que pode provocar o bruxismo é o uso de medicamentos, como benzodiazepinas que atuam no sistema nervoso. Segundo a professora, após a identificação de todos os fatores, pode-se fazer o controle adequado do bruxismo, já que não é possível fazer um prognóstico de quando o paciente não sofrerá mais desse problema.

A especialista diz ainda que o dentista deve conciliar o seu trabalho com o de outros profissionais, como otorrinolaringologista, profissional de Medicina do Sono, gastroenterologista ou psicólogo, para tratar e acompanhar aquilo que está provocando o distúrbio. “Aí sim, indicar a placa de mordida ao paciente”, afirma a especialista.

Para a professora, o mais importante aos profissionais de Odontologia é a incessante informação a respeito dessa desordem, para assim orientarem os seus pacientes. “Antigamente pensava-se que o bruxismo era causado pela oclusão dentária, e hoje já se sabe que não é assim. Além disso, os estudos a respeito são bem diferentes, e apresentam resultados diversificados. Isso mostra como é importante a atualização do profissional”, conclui.

Fonte: ABO

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