Por: Vanessa Navarro
A síndrome de Burnout, do inglês to burn out, que significa queimar por completo, também é conhecida como esgotamento profissional.
A condição foi constatada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger. O especialista observou que muitos voluntários com os quais trabalhava apresentavam um processo gradual de desgaste no humor e desmotivação. Geralmente, esse processo durava aproximadamente um ano, e era acompanhado de sintomas físicos e psíquicos que denotavam um particular estado de estar “exausto”.
De acordo com a Dra. Ana Merzel Kernkraut, psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein, nos anos 1980, a psicóloga social Christina Maslach estudou a forma como as pessoas enfrentavam a estimulação emocional em seu trabalho. Seu interesse era nas estratégias cognitivas denominadas despersonalização, ou seja, em como os profissionais misturam a compaixão com o distanciamento emocional, como se dá o processo de se proteger frente a situações estressoras, respondendo de forma despersonalizada. A partir deste estudo, a Dra. Maslach desenvolveu o Inventário de Maslach para diagnóstico do Burnout.
Hoje, o Ministério da Saúde não dispõe de dados estatísticos absolutos sobre a presença da síndrome em brasileiros, mas sabe-se, por meio de estudos científicos, que o número é elevado.
“Normalmente encontra-se mais pessoas com Burnout em atividades onde existem níveis elevados de pressão, por exemplo, profissionais de saúde, professores, policiais, bombeiros, etc. Como a síndrome está correlacionada com o ambiente de trabalho, com as relações estabelecidas entre os integrantes da equipe e com as características do trabalho e liderança, ela pode ser manifestada em qualquer atividade realizada onde haja presença de fatores estressores”, explica a psicóloga.
Diagnóstico e tratamento
As pessoas costumam confundir a síndrome de Burnout com o estresse, quando, na verdade, a grande diferença é que os sintomas de estresse estão presentes na Síndrome de Burnout.
A Dra. Ana Merzel explica que os sintomas do estresse podem aparecer no corpo ou na área emocional do indivíduo. “São sintomas do estresse: dores, cansaço, desânimo, apatia, falta de interesse, alteração no sono e apetite e tristeza excessiva”.
O termo Burnout é utilizado quando o motivo primário do esgotamento está correlacionado com a atividade/ambiente profissional. Já o estresse pode aparecer em vários contextos.
O diagnóstico da síndrome de Burnout é realizado por profissional de saúde mental, seja ele psicólogo ou psiquiatra. A partir dos sintomas apresentados, história pessoal e contextualização do momento atual, o profissional realiza o diagnóstico. “Com relação ao tratamento, em muitos casos, será necessária a associação de medicação e psicoterapia”, enfatiza a psicóloga.
Grande parte dos profissionais de saúde ignoram a presença da síndrome, daí a necessidade de uma ampla divulgação do tema em consultórios, clínicas e hospitais.
A psicóloga esclarece que, por se tratar de uma doença que promove uma incapacidade temporária e que está totalmente relacionada com a esfera psíquica do indivíduo, afetando o comportamento, a volição e até mesmo o julgamento de uma situação, a síndrome pode ser vista de maneira preconceituosa, como uma fraqueza pessoal. “A pessoa que sofre com Burnout tentou lidar com a situação, talvez de maneira ineficiente, e não valorizou os primeiros sinais de perigo, persistindo em algo. Ela aguentou a pressão, mas não conseguiu distinguir entre suportar a pressão e entrar em um sofrimento psíquico devido à pressão. O Burnout é um sofrimento psíquico”, enfatiza.
Atenção aos sintomas
De acordo com a profissional de saúde mental, os principais sintomas da Síndrome de Burnout são:
- Fadiga.
- Cansaço.
- Perda de interesse em atividades antes consideradas prazerosas.
- Falta de motivação para trabalhar.
- Insônia ou excesso de sono.
- Alteração no apetite.
- Alteração de humor e comportamental.
- Alteração das atividades rotineiras.
- Extravasamento para a esfera pessoal.
- Dificuldade em interromper as atividades laborais.
- A autoestima é baseada somente no reconhecimento profissional.
Vale ressaltar que a pessoa que apresenta a síndrome está temporariamente incapacitada para desempenhar as atividades anteriormente realizadas.
Não seja vítima da síndrome de Burnout
Como já mencionado, qualquer profissional pode desenvolver a síndrome se exposto a uma grande pressão.
A dica para os profissionais é a atenção para qual impacto o trabalho provoca na vida como um todo, considerando a atividade pessoal e profissional.
“Nos casos de estresse relacionado a atividade profissional, é possível identificar o que causa desconforto com relação ao trabalho. Estar atento aos sinais de estresse e procurar auxílio antes que o quadro piore são estratégias positivas de manejo dos sintomas”, finaliza a psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Ana Merzel Kernkraut.
Sofri ha dois anos sindrome guillain barre isso pode ser uns dos motivos de burnout..?