Odontologia Biológica não é uma especialidade reconhecida

Odontologia Biológica não é uma especialidade reconhecida

Com a responsabilidade de levar informações verdadeiras aos profissionais da Odontologia e à população em geral, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) reforça a importância dos cirurgiões-dentistas, profissionais da Odontologia e a sociedade terem em mente que não existe a especialidade Odontologia Biológica.

Nos últimos meses, uma série de notícias falsas sobre o tema se espalhou pela internet, colocando em risco a saúde dos pacientes. De acordo com a Resolução 63 do Conselho Federal de Odontologia (CFO) — órgão que aprova e consolida as normas para procedimentos no Sistema Conselhos de Odontologia — a Odontologia Biológica não é reconhecida como especialidade.

Para esclarecer o assunto, o cirurgião-dentista, mestre e doutor em Odontologia e Dentística, Prof. Dr. Camillo Anauate Netto, ressalta que, apesar de existir o termo “Odontologia Biológica”, não há regulamentação e nem comprovação científica que justifique ser uma especialidade. Assim, o profissional que divulgar esta modalidade de procedimentos ou se anunciar como especialista em áreas não reconhecidas pelo CFO, poderá responder por infração ética e estar sujeito a penalidades previstas no artigo 44 do Código de Ética Odontológica, o qual proíbe o anúncio ou divulgação de técnicas, terapias de tratamento e áreas de atuação que não sejam cientificamente comprovadas, assim como anunciar a cura de determinadas doenças para as quais não exista tratamento eficaz.

As redes sociais são os canais em que mais tem se espalhado essa fake news. Por lá são disseminados anúncios sobre supostos benefícios da Odontologia Biológica, junto de informações inverídicas referente à remoção de amálgama, alegando supostos males à saúde causados pelos materiais presentes nas composições que, vale frisar, são usados há anos em restaurações dentárias.

Nesses anúncios eles citam, também, absurdos como toxicidade do flúor para a saúde; defesa do uso do perigoso colar de âmbar em bebês; associação entre contenção ortodôntica e infertilidade; e a afirmação de que a endodontia pode levar a focos de infecção que se perpetuariam por toda a vida, explica Dr. Camillo.

O tema do amálgama assumiu uma proporção tamanha que demandou a atenção de órgãos internacionais. A International Association for Dental Research publicou uma declaração de política e posicionamento sobre a segurança do amálgama dental, com base em estudos da Food and Drug Administration (FDA) — agência que regula os alimentos e medicamentos nos Estados Unidos.

O Comitê Científico sobre Riscos Emergentes e Recém-Identificados à Saúde, órgão da União Europeia (UE), também afirma não haver evidências sobre os efeitos adversos à saúde causados pelo mercúrio presente no amálgama odontológico. “O amálgama é uma liga metálica que contém mercúrio em sua composição, mas os níveis do metal nas restaurações dentárias são muito baixos e não representam perigo à saúde, mesmo que toda a boca seja reabilitada com amálgama”, esclarece o Dr. Camillo.

Outro ponto no âmbito da Odontologia Biológica, que circula nas redes sociais, traz um raciocínio errado sobre haver perigo de envenenamento ou intoxicação na retirada das restaurações de amálgama. Com isso, supostos profissionais oferecem “serviços especializados” com “protocolos de segurança específicos”.

Porém, há documentos técnicos amparados em evidências científicas, produzidos pelo CFO, pelo CROSP, pela Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPQ) e pelo Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD), que desmistificam esse tema e ressaltam que: “os instrumentais e equipamentos utilizados há décadas por cirurgiões-dentistas são suficientes e seguros para proteção de profissionais e pacientes, na remoção das restaurações de amálgama, incluindo EPIs tradicionais, sugador , separador de resíduos, e dique de borracha”.

Há, ainda, sem qualquer embasamento científico, algumas publicações relacionadas à Odontologia Biológica que mencionam supostas doenças adquiridas devido ao uso das restaurações de amálgama, induzindo o paciente a sentir melhoras após a remoção. De acordo com o Dr. Camillo, “estudos comprovaram que, mesmo na época em que o mercúrio era manipulado nos consultórios, o uso de irrigação, sugador e isolamento com dique de borracha eram suficientes para filtrar 99,5% do vapor de mercúrio liberado na remoção das restaurações”.

As publicações a respeito do assunto são aventadas pelos defensores da prática, sem nenhum embasamento científico, produzidas e publicadas, muitas vezes, em folhetins criados especialmente para isso, ou periódicos sem nenhuma credibilidade, caracterizando mais uma fake news.

Sendo assim, vale ressaltar que a replicação de informações inverídicas favorece o ganho financeiro e pode configurar charlatanismo. Portanto, o CROSP alerta que o cirurgião-dentista sempre deverá ser a fonte de informações confiáveis e a melhor referência na promoção da saúde oral.

Além disso, os canais oficiais de comunicação da Autarquia estão à disposição dos inscritos para que eles obtenham informações verídicas e com embasamento científico. Então, se houver qualquer dúvida ou questionamento sobre uma informação que circula nos meios digitais, a dica é: pesquise e cheque nos sites oficiais do CROSP e do CFO, para identificar a sua veracidade.

Informações da Assessoria de Imprensa

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